O bolicho mais tradicional de Jaguari: Dona Célia e 51 anos de memórias

 

Nesta terça-feira, Jaguari amanheceu mais rica em memórias e afeto. É aniversário de Célia Catarina Cadó Bidinoto, ou, como é carinhosamente conhecida na cidade, Dona Célia do Bolicho. Completando 86 anos de vida, ela celebra também 51 anos à frente do seu bolicho, localizado na Rua Daltro Filho, ao lado inseparável do esposo João Dalosto Bidinoto, com quem compartilha a vida há 67 anos.

Dona Célia não é apenas a dona de um dos bolichos mais antigos e tradicionais de Jaguari. Ela é parte da alma da cidade, daquelas figuras que o tempo não apaga e que as gerações mantêm vivas no afeto, nos encontros e nas conversas de fim de tarde. Ali, no seu balcão simples e acolhedor, a rapaziada se encontra para um martelinho de cachaça, uma cervejinha ou uma prosa boa, que sempre vem acompanhada de risos e lembranças.

O destaque do seu bolicho, claro, são as famosas batidas caseiras. Uva, abacaxi, mas nenhuma supera a consagrada batida de limão com cachaça, feita com um segredo que Dona Célia garante compartilhar: “Dou a receita pra todo mundo, mas não conseguem fazer igual”, diz, com um sorriso maroto e um olhar de quem sabe que ali, no jeito de fazer, mora o carinho de uma vida inteira.

Curiosamente, ela nunca provou as próprias batidas. Mas basta perguntar a qualquer cliente: a aprovação é unânime. E quando o assunto é confiança e memória, Dona Célia dá show: "Nunca usei calculadora. Uma vez ganhei uma e dei pro meu filho", conta, rindo. A matemática está toda na cabeça – assim como as histórias, os rostos e os causos que acumulou ao longo de meio século de atendimento.

Dona Célia e seu João formaram uma família que hoje se espalha em gerações: são três filhos – Fátima, Juarez e Roberta – cinco netos e três bisnetos. Um legado de simplicidade, força e valores que se refletem no espaço do bolicho, onde todos são bem-vindos e ninguém sai sem levar um pouco da hospitalidade jaguariense no coração.

Este é o primeiro capítulo de uma série especial que vai contar a história dos bolichos de Jaguari — lugares que resistem ao tempo, carregam o espírito do interior, e ainda são palco de encontros que fazem a vida valer a pena.

Hoje, a cidade comemora com Dona Célia. Que seu aniversário seja celebrado não apenas com parabéns, mas com o reconhecimento de quem transformou um balcão simples em ponto de referência, e uma receita de batida em símbolo de carinho e identidade local.

Jaguari se orgulha de ter a Dona Celia como parte viva da sua história deste pequeno e acolhedor município.


Comentários

  1. Fui vizinha da Célia antes do Jaguari, ela tem histórias pra contar da turma de jovens de S. Luiz que iam até a casa dela nos fds tomar umas caipirinhas e dançar ao som da gaita do João.

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